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Foto do escritorMarcelo Jacques de Moraes

Escravidão em imagens — Silex

Atualizado: 3 de abr. de 2023

Traduzido na oficina “Mulheres que escrevem traduzidas”, oferecida pelo Núcleo de Tradução do Laboratório da Palavra e coordenada por Estela Rosa e Marcelo Jacques de Moraes.


As imagens gravadas de peles rasgadas transbordam bordam bordam bordam

Os talhos deixaram os traços das grades que cortam cortam cortam cortam

As imagens gravadas de peles rasgadas transbordam bordam bordam bordam

Os talhos deixaram os traços das grades que cortam cortam cortam cortam


Tenho os olhos virados pela violência

E no espelho das peles pretas

Não vejo nada

Nada além de corpos expostos frente a frente

Presos, sempre

E papéis pálidos

Duplicados, lustrados como uma segunda carne

No silêncio de uma memória barata que arde


As imagens gravadas de peles rasgadas transbordam transbordam bordam bordam bordam

Os talhos deixaram os traços das grades que cortam cortam cortam cortam

As imagens gravadas de peles rasgadas transbordam bordam bordam bordam

Os talhos deixaram os traços das grades que cortam cortam cortam cortam


As ilustrações com legendas parcas

Desfazem os seres até o além

Da aurora ali à noite que dura

Estamos plantados

Pequenas lápides

De tudo que é lado de um oceano que ferve

De frustração farta


As imagens gravadas de peles rasgadas transbordam transbordam bordam bordam bordam

Os talhos deixaram os traços das grades que cortam cortam cortam cortam

As imagens gravadas de peles rasgadas transbordam bordam bordam bordam

Os talhos deixaram os traços das grades que cortam cortam cortam cortam



No fim não sei de nada

Como se a História se abatesse como a peste

Antes de se esticar de tanto pragmatismo

Deixando somente o vivente fragmentado

Ninguém me disse então me diz

Ninguém me disse então me diz

Ninguém me disse então me diz

Como fazer humano com essa pele

Como fazer um corpo com essa cor

Como fazer o tempo em todo esse silêncio


Slammer negre nascide na República dos Camarões, Silex descobriu o slam na França no início dos anos 2000, animando desde então oficinas de escrita em escolas e montando cenas e performances. Esses espaços de encontro deram origem a projetos artísticos diversos, envolvendo o slam, o teatro, a música e a dança.


Performances:

Feijoada (Dir. Calixto Neto)

Passages transfestival (Metz)| 2021

Tout ce que tu touches

Festival Rature (Genève) | 2019

TransFormation Film Festival (Berlin) | 2018

Afropea

Mahogany March (Musée Dapper, Paris) | 2015

Laboratoire des possibles infinis

Massimadi Festival (Bruxelles) | 2015


Filmes:

Vibrancy of Silence (2017)

Afrodiasporic French Identities (2011)

Fruits étranges (2007).


Publicações:

Revue IntranQu’îllités n°4 (2016)

Volcaniques. Une anthologie du plaisir (2015)

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